Kit de Primeiros Socorros: O que realmente levamos para a trilha (e por quê)
Veja o checklist completo de emergência para não passar perrengue.
Conteúdo deste artigo:
- Introdução
- Direto ao Ponto (TL;DR)
- O Conceito: 1kg de Segurança
- Menções Importantes
- Por que uma Bolsa Tática?
- E Agora? Monte o Seu!
- Por fim…
Introdução
Existe um ditado no mundo outdoor que nós levamos muito a sério: “Melhor ter e não precisar, do que precisar e não ter.”
O Kit de Primeiros Socorros é o único item da nossa mochila que torcemos para voltar intacto pra casa. Portanto, ele é o item mais importante do nosso checklist de viagem. Seja em um camping estruturado na praia, em uma travessia de montanha ou numa viagem de carro 4×4, essa bolsa verde tática de aproximadamente 1kg está sempre conosco.
Muitos iniciantes subestimam a segurança e levam apenas um band-aid no bolso. Aqui, a gente joga seguro.
Assim, abrimos o nosso kit pessoal (que também funciona como kit de sobrevivência) para mostrar exatamente o que carregamos, item por item, e como adaptamos ele após um problema de saúde sério que o Romário enfrentou.
Direto ao Ponto (TL;DR)
Está com pressa? Aqui está o resumo direto e objetivo:
Para quem quer montar o kit agora, aqui está a base do que não pode faltar no nosso setup:
- Dor e Febre: Analgésicos (Tylenol) e Relaxante Muscular (Dorflex/Torsilax).
- Alergias: Antialérgico potente (Loratadina).
- Cortes e Bolhas: Gaze, atadura, esparadrapo, Nebacetin e muitos curativos.
- Sobrevivência: Cobertor térmico, lanterna, isqueiro e purificador de água (Clorin).
- O “Extra” de rek rotas: Oxímetro e Termômetro (explicamos o motivo abaixo).
O Conceito: 1kg de Segurança
Nosso kit não é minimalista, e isso é proposital. Ele pesa cerca de 1kg e fica organizado em uma bolsa com sistema MOLLE, feita de tecido Cordura super resistente. A ideia é: acima de tudo, ser um kit que atenda as nossas necessidades e também apoie outras pessoas que estejam conosco ou estranhos no caminho.
Nós levamos para todas as viagens. Se estamos longe do carro, ele vai na mochila de ataque. Se o acesso é difícil, ele é a nossa garantia de que conseguimos resolver problemas pequenos (uma dor de cabeça que pode estragar o passeio) ou estabilizar problemas grandes até o resgate chegar.
Vamos ao raio-x do conteúdo:
1. Medicamentos
Em primeiro lugar, vale ressaltar, não somos médicos e não receitamos remédios. O que levamos são medicamentos que já usamos no dia a dia e sabemos que funcionam pra gente e não temos alergia.
- Para Dor e Febre: O básico que funciona. Geralmente levamos Paracetamol (Tylenol 750mg) e/ou Ibuprofeno (Advil 400mg).
- Relaxante Muscular: Essencial. Depois de um dia inteiro subindo montanha com carga, o corpo pode cobrar a conta. Costumamos levar Dorflex ou Torsilax, para casos de necessidade.
- Antialérgico (Loratadina): Item crítico. Já presenciamos situações na trilha onde foi preciso socorrer uma pessoa com reação alérgica. Uma alergia pode evoluir rápido. Portanto, ter um antialérgico na mão salva o passeio (e vidas).
- Para o intestino (Diarreia): Item importante. Depois de passarmos um perrengue real em viagem, aprendemos que Imosec (Loperamida) é um item importante. Ele serve como um “freio de emergência” caso você precise caminhar ou viajar e não possa parar.
- Atenção: Só usamos em emergência e se não houver febre ou evacuação com sangue. Se tiver febre ou sangue, o corpo precisa expulsar a infecção e “trancar” tudo pode piorar o quadro.
- Dica Extra: Levamos também sachês de Sais de Reidratação Oral (Hidrali ou Hidraplex). Pois o que derruba o aventureiro não é a diarreia em si, mas a desidratação rápida que ela causa.
- Nota: O Imosec (Loperamida) é um medicamento tarja vermelha, e pode precisar de receita no momento da compra.
2. Tratamento de Feridas e Traumas
É aqui que a maioria dos acidentes acontece: cortes, ralados e as temidas bolhas.

- Limpeza: Soro Fisiológico em flaconetes (doses únicas). Usamos para lavar feridas ou, o que acontece muito, para lavar o olho quando entra poeira ou terra. Muito mais higiênico, prático e leve do que carregar uma garrafa grande de soro.
- Antisséptico e Cicatrizante: Pomada Nebacetin e Mini Lenços umedecidos com álcool. Servem tanto para assepsia de pele quanto para limpar equipamentos antes do uso.
- Curativos:
- Band-Aids: De vários tamanhos.
- Gaze e Atadura de Crepom: Para ferimentos maiores onde o band-aid não resolve ou para imobilização provisória.
- Esparadrapo e Micropore: Para fixar a gaze ou proteger pontos de atrito no pé (prevenção de bolhas).
- Gel Anti-inflamatório (Reparil/Gelol): Ajuda muito em contusões e batidas nas pedras.
3. Diagnóstico e Sinais Vitais (O Nosso Uso)
Você vai notar nas fotos um Oxímetro e um Termômetro Digital. “Isso não é exagero?”, você pode perguntar… Em junho de 2025, o Romário teve um quadro grave de TEP (Tromboembolismo Pulmonar) com agravamento, que resultou em uma cirurgia no pulmão. Ficamos meses afastados das trilhas e viagens longas.
Quando voltamos à ativa, o monitoramento não é luxo, é necessidade médica. É preciso acompanhar a saturação de oxigênio e a temperatura. Mas, mesmo antes disso, sempre defendemos que ter um oxímetro na montanha é excelente para monitorar casos de hipotermia ou mal de altitude em qualquer pessoa do grupo.

4. Sobrevivência e Ferramentas
Nosso kit de primeiros socorros dobra sua função como kit de sobrevivência leve. A bolsa tática permite organizar isso sem virar bagunça.

- Cobertor Térmico (Manta de alumínio): Pesa gramas e reflete o calor do corpo. Obrigatório para evitar hipotermia se tivermos que passar a noite no mato por algum imprevisto.
- Iluminação e Fogo: Uma lanterna pequena (Foxlux) com pilhas extras (Duracell) e um isqueiro (Bic). Fogo é calor e sinalização.
- Água: Pastilhas de Clorin. Se a nossa água acabar, podemos pegar de um rio e tratar quimicamente.
- Tesoura: Para cortar as roupas em caso de fratura exposta ou apenas cortar a atadura e o esparadrapo.
5. Dica de Ouro
Um item que faz a diferença? Salonpas.
Geralmente não usamos durante a trilha, mas sim no pós-aventura. Colar um adesivo desses nas costas ou ombros para dirigir as horas de volta para casa alivia demais a tensão muscular e evita chegar em casa travado.
Menções Importantes
Mas e Protetores Solares? Repelentes? Remédios controlados e/ou de uso contínuo?
No nosso caso, estes, que são itens do dia a dia, são carregados em outras partes da nossa bagagem. O protetor solar, por exemplo, vai junto do kit de higiene. Só recorremos ao kit de primeiros socorros se de fato for necessário.
Por que uma Bolsa Tática?
Você deve ter reparado que não usamos uma necessaire comum de farmácia. Na verdade, optamos por um modelo militar comumente usado por forças de segurança ou socorristas (IFAK – Individual First Aid Kit – Kit Individual de Primeiros Socorros) feito em Cordura com sistema MOLLE e Rip-Away.


- Saque Rápido (Rip-Away): A parte de trás da bolsa é um painel de velcro removível. Em certas ocasiões, nós prendemos esse painel do lado de fora da mochila cargueira. Em uma emergência, não precisamos tirar a mochila das costas ou perder tempo abrindo zíperes difíceis. Basta soltar a fivela de segurança e “arrancar” a bolsa do velcro, trazendo o kit para a mão em 1 segundo.
- Resistência: Ela aguenta ser jogada no chão, pegar chuva e raspar em pedra sem rasgar.
- Improvisação: O painel traseiro é semi-rígido. Em uma situação extrema, ele pode até ser usado como tala improvisada para imobilização.
- Organização: Ela abre 180 graus (como um livro), permitindo ver tudo de uma vez. Além disso, ela tem compartimentos para separação dos itens. Numa emergência, você não quer ficar revirando uma sacola funda procurando o remédio.

E Agora? Monte o Seu!
Não espere a emergência acontecer para correr atrás.
- Compre uma bolsa resistente (de preferência vermelha ou com identificação clara, como o nosso patch de cruz).
- Vá na farmácia e compre o básico listado.
- Personalize: Se você tem asma, diabetes ou alergias específicas, seu kit tem que ter os seus remédios de uso contínuo. O nosso kit funciona para nós.
- Verifique a validade: A cada 6 meses, nós abrimos o kit e trocamos o que venceu.
Por fim…
Ter um kit completo nos dá a tranquilidade para focar no que importa: curtir a paisagem e a aventura juntos.
Aviso Legal: Este post relata a experiência pessoal e o kit utilizado pelos autores do blog rek rotas. Não substitui orientação médica. Em caso de acidente grave, acione o resgate (Bombeiros 193).
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